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Sentindo se triste, pensa em “afogar suas mágoas”? 

Quando nos sentimos tristes, estressados ou ansiosos nada parece ser mais relaxante que um copo de vinho ou um chopinho, acompanhado ou sozinho… Em primeira instância, o álcool funciona como um desinibidor social, capaz de nos relaxar e divertir. 

Quando você se sente deprimido, com falta de energia pode se tornar ainda mais tentador tomar um chope ou vinho para ajudar você a encarar qualquer problema de sua vida. O problema vem quando você está em risco de beber cada vez mais regularmente, quase como se fosse sua medicação, tornando-se parte de sua rotina. 

 

Os números do consumo de álcool e depressão no Brasil 

O hábito de consumo de álcool é muito comum nos dias de hoje, parecendo haver uma tendência crescente para esse hábito. Segundo o Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (LENAD), realizado pelo Instituto Nacional de Políticas Públicas do Álcool e Outras Drogas, em 2012 cerca de 64% dos homens e 39% mulheres adultas relataram consumir bebidas alcoólicas, pelo menos uma vez na semana. Mais, cerca de 32% bebe moderadamente e 16% consome quantidades nocivas de álcool (6 ou mais doses por ocasião), sendo que quase 2 a cada 10 bebedores apresentou critérios de abuso – consumo excessivo que levam a problemas legais, sociais e interpessoais – ou dependência de álcool – necessidade de quantidades cada vez maiores de álcool, implicando síndrome de abstinência na sua ausência. 

Dados mais atuais, do VIGITEL Brasil 2014, mostraram que a prevalência de consumo abusivo de bebidas alcoólicas (definido como o consumo de 5 ou mais doses em homens e quatro ou mais doses em mulheres, nos 30 dias anteriores) manter-se-ia nos 16,5%, sendo maior nos homens. 

Ainda no LENAD II foi possível entender uma forte associação entre depressão e abuso de álcool, sendo que quase metade dos bebedores nocivos (41%) relatou sintomas de depressão. Mais grave ainda, mais de duas a cada 10 tentativas de suicídio esteve relacionada ao uso de álcool. 

 

O que vem primeiro: álcool ou depressão? 

Como já foi possível perceber, a depressão e o alcoolismo apresentam um grande paralelismo na morbilidade, incapacidade e mortalidade. Na verdade, a evidência científica tem mostrado cada vez mais que a depressão e os problemas do uso de álcool estão associados.

A principal dúvida é: será que o abuso crônico de álcool contribui para a depressão? Ou, será que o abuso crônico de álcool decorre de uma depressão já existente? 

Não é possível falar na existência de uma só sequência de eventos, vários caminhos podem ocorrer e estes devem ser contemplados de acordo com o paciente e a vida dele. Contudo, estudos nos mostram que é mais comum a depressão surgir primeiro, e daí decorrer o abuso de álcool em mulheres e, em homens. O primeiro problema a surgir será o abuso de álcool e só depois a depressão. 

Pode se tornar um ciclo vicioso: você bebe para se sentir melhor > depois sente-se mais deprimido > vai beber mais… entrando num ciclo cada vez mais difícil de sair. 

Num estudo observacional que durou 10 anos, Holahan CJ e seus colegas, em 2004,  mostraram que pessoas deprimidas tendem a consumir mais álcool e, além disso, experimentaram mais eventos negativos na vida e têm menor suporte familiar, comparando com um grupo controlado. 

Quando o alcoolismo se associa à depressão, os sintomas tendem a ser mais graves, com maior risco de recaídas, maior gravidade da dependência, maior número de hospitalizações e maior risco de suicídio. 

 

A genética me torna mais vulnerável? 

Parece que pode haver, sim, uma relação entre depressão e a dependência de álcool. Parecem existir genes que predispõe a pessoa a se tornar alcoolista e outros à depressão (que podem ser induzidos pelo álcool).  

Mas, o ambiente familiar e social também influencia no risco de depressão e álcool. Por exemplo, crianças que sofreram abusos ou foram criadas na pobreza parecem estar em maior risco de desenvolver os dois problemas. 

 

Eu posso estar precisando de ajuda? 

Retomando a ideia inicial: não é tomar um chopinho ou beber o copo de vinho socialmente, que vai tornar você deprimido ou dependente de álcool. 

Mas a ideia de “eu preciso beber para resolver esse problema”, seja um problema social, familiar, de trabalho…. pode indicar que você precisa procurar ajuda. 

 

O Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido (NHS) lançou uma cartilha sobre Álcool e Depressão, onde identifica vários sinais de alerta: 

  • É frequente recorrer ao álcool para lidar com situações de fúria, ansiedade ou depressão; 
  • É frequente recorrer ao álcool para se sentir mais confiante; 
  • Fica com ressaca regularmente; 
  • Seu hábito de consumo de álcool está afetando suas relações com os outros; 
  • Bebendo você se sente enojado, zangado ou com pensamentos suicidas; 
  • Você está escondendo a quantidade de bebida que ingeriu de seus amigos e familiares; 
  • Os outros estão dizendo que quando você bebe, você se torna sombrio,  amargurado ou agressivo; 
  • Você precisa beber cada vez mais para se sentir bem; 
  • Você deixa de fazer atividades para passar mais tempo bebendo; 
  • Você começa se sentindo trêmulo e ansioso na manhã seguinte; 
  • Você bebe, para não sentir; 
  • Você começa bebendo logo no começo de seu dia; 
  • As pessoas em seu redor parecem embaraçadas ou desconfortáveis. 

 

Se você se identifica com algum desses sinais, talvez seja importante você procurar ajuda especializada.  

A primeira etapa – comece por reduzir a quantidade de álcool que está bebendo e evite os ambientes e as situações que te dão mais vontade de beber. 

Normalmente, estando deprimido, você vai começar a se sentir melhor depois de algumas semanas de parar de beber álcool. Por isso, primeiro você deve parar com o álcool e depois procurar ajuda para os sentimentos depressivos, se eles não passaram. 

 

Você pode procurar ajuda junto de seu médico de confiança, de um médico especialista e/ ou dos grupos de suporte como os Alcoólicos Anônimos Brasil (www.aabr.com.br) 

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